" Basicamente, se nós queremos uma escola diferente, se queremos mudar a escola, ou se simplesmente, não estamos gostando da nossa prática, isto significa que devemos estar disponíveis, desejosos, querendo, assumindo, enfrentando e pensando..."
Madalena Freire



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Professores da rede se reunirão no Imeja para Vivência Artística

Nesta sexta-feira (11), às 13h30, os professores da rede que participam do projeto "As Escolas vêm ao Mário Gusmão - Vivência Artística", passarão por mais uma importante etapa do processo artístico-pedagógico. Os docentes assistirão a peça, "O Encontro das Yabás", no auditório do IMEJA - Instituto Municipal de Educação Prof. José Arapiraca, no bairro da Boca do Rio.
"O Encontro das Yabás"



"O Encontro das Yabás", é uma peça da Cia. de Teatro Na Boca de Cena, grupo residente da Organização Não-Governamental, Bumbá - Escola de Formação Artística e conta a história de um grupo de pescadores e seus dilemas para realizar a festa da colônia do bairro, Boca do Rio, que é remascente quilombola. Após assistirem ao espetáculo, o elenco e os professores farão um debate que possibilite discutir o tema da peça, bem como os elementos artísticos utilizados na composição do espetáculo.

O projeto de vivência artística, proposto pelo CEART este ano, tem a intenção de fazer com que os professores possam entender a arte-educação como instrumento integrado ao seu dia a dia, no aprendizado diário independente das disciplinas a serem ensinadas. "Pretendemos com essa vivência fazer com que os professores possam experimentar as diversas nuances da arte e integrá-las aos seus ensinamentos em sala de aula, independente da disciplina. É possível ensinar matemática com arte, inglês com arte, português com arte e por aí vai", explica Maria Anunciação Teles, diretora geral do CEART.
De agosto até agora, os professores do projeto já passaram por vivências na áreas de artes visuais, música e dança. Ao final da experiência, previsto para novembro, os educadores serão estimulados a elaborar um produto artístico que será apresentado em um teatro da cidade, ainda a ser definido. O resultado deverá envolver todas as linguagens trabalhadas, como teatro, dança, música, artes visuais e literatura.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A importância do brincar

Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em sala sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.
Carlos Drummond de Andrade





Uma das características humanas é o prazer em brincar e de se utilizar do lúdico para trazer harmonia ao meio na qual está inserido. Huizinga (apud Venâncio e Freire, 2005) traz o conceito do homo ludens defendendo que a humanidade possui a tendência ao lúdico e ao jogo.

O brincar é uma forma de expressão, de comunicação que os seres humanos possuem desde o nascimento. É uma atividade humana social com contexto cultural, em que o homem utiliza a imaginação e a fantasia para interagir com a realidade que o cerca para a produção de novas possibilidades.

A brincadeira é fundamental para o desenvolvimento infantil; quando brincam, as crianças exploram, perguntam e reproduzem as formas culturais nas quais estão inseridas, desenvolvendo-se psicológica e socialmente. As brincadeiras fazem parte do patrimônio lúdico-cultural, traduzindo valores, costumes, formas de pensamento e, consequentemente, favorecem a aprendizagem. O brincar enriquece a criança na compreensão do mundo que a cerca. A criança está o tempo todo a brincar: quando acorda, ao escovar os dentes, ao comer etc.

Em especial, durante a infância, a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Assim, os jogos e as brincadeiras fornecem à criança a possibilidade de ser um sujeito ativo, construtor do seu próprio conhecimento, alcançando progressivos graus de autonomia frente às estimulações do seu ambiente.

Infelizmente quando chega à escola, a criança precisa adaptar-se a uma nova realidade, cheia de regras sobre o que pode ou não fazer. As crianças que antes de iniciar sua vida escolar possuem liberdade de brincar sofrem até adaptar seus corpos à nova estrutura de espaço e tempo.

A criança que brinca desenvolve a autoestima, a linguagem falada e a corporal, além do pensamento, do protagonismo, da socialização e da interação, transformando-a em um cidadão capaz. Isso quer dizer que o brincar na sala de aula deve ser visto como um instrumento facilitador, enriquecedor para a aprendizagem. E que as atividades lúdicas devem funcionar como estratégia para a construção do conhecimento, favorecendo a criatividade, a espontaneidade e as potencialidades do trabalho individual e coletivo.

Na perspectiva do aluno, esse momento é um espaço de conquista, de prazer, de lazer e de reconhecimento da sua capacidade de participação. A brincadeira passa a ser uma manifestação da emancipação em relação às restrições situacionais. O aluno percebe que a ação regida por regras começa a ser determinada por ideias, troca, participação e pelo diálogo. Nesse processo de interação, eles participam de forma ativa num movimento dinâmico de ação-relação.

Pelo brincar criam-se várias possibilidades, tornando-se um elemento indispensável para uma aprendizagem significativa. O brincar possibilita o conhecimento sobre o mundo; por meio da brincadeira a criança age, reage, cria, recria, pensa, repensa, imita, experimenta, favorecendo o desenvolvimento da autoconfiança, da organização do pensamento, da concentração, da atenção, do raciocínio lógico-dedutivo e o senso de cooperação, ajudando na socialização e interação dos alunos.

Neste trabalho, abordaremos a questão do brincar sob a perspectiva do aluno. Para tanto, veremos como se dá o seu processo de aprendizagem e como o brincar contribui de modo significativo no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo a construção do conhecimento e da criatividade, auxiliando no desenvolvimento global da criança.

A escola como espaço de brincar



A brincadeira é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, porém na infância deve ser vista não apenas como diversão, mas também como a possibilidade de desenvolver as potencialidades da criança. Por meio do brincar espontâneo, a criança está experimentando o mundo, os movimentos e as reações, adquirindo elementos para desenvolver atividades mais elaboradas no futuro.

O conhecimento é construído pelas relações interpessoais e trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a formação da criança; o aluno aprende a partir de seu relacionamento com o outro. Em sala de aula possuímos uma série de alunos com realidades e vivências diferentes, e por isso esse espaço se torna um local tão importante de troca de experiências e aprendizagem, devendo ser valorizado.

A aprendizagem da criança deve ser estimulada e acontecer de forma rica, criativa e agradável, pela interação, e preservando o prazer da descoberta e da alegria contida nas atividades, que por sua vez favorecem a elevação do autoconceito.

Zanluchi (2005, p. 89) afirma que,
quando brinca, a criança prepara-se para a vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas.
Enquanto brinca, a criança está consciente de que está representando um objeto, situação ou fato, mas, ao mesmo tempo, está inconsciente de que está representando algo que lhe escapa por estar fora do campo de sua consciência no momento. A brincadeira simbólica, como as demais manifestações simbólicas, dá à criança condições de aprender a lidar com suas emoções e afetos. Assim, quando a criança brinca parece mais madura, pois entra, mesmo que de forma simbólica, no mundo adulto, abrindo um leque de situações nas quais as crianças vão se deparar, ajudando-a a vencer os obstáculos da vida.

A sala de aula não deve ser um silêncio, com todos sentados; as crianças devem interagir com os seus pares, numa participação ativa; brincando se aprende com prazer. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil,
o principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos (BRASIL, 1998, p. 27, v. 01).
As brincadeiras, nas suas diversas formas, auxiliam no processo de ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento da fala quanto no desenvolvimento psicomotor e cognitivo, como: a imaginação; a interpretação; a tomada de decisão; a criatividade; o levantamento de hipóteses; a obtenção e organização de dados; e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações. É possível ainda afirmar que o jogo favorece o desenvolvimento da lógica, estimula a aceitação de hierarquias e o trabalho em equipe. De acordo com Antunes (2004), “é através das brincadeiras que se estimula a memória, exalta sensações emocionais, desenvolve a linguagem, a atenção, a criatividade e a socialização”.

Ao jogar, a criança interage com o objeto em uso, de forma criativa e dinâmica, dando asas à sua imaginação e trazendo para o jogo muitas vezes a realidade que vivencia. As crianças transformam, inventam e reinventam todos os objetos ao seu redor, assumem papeis simbólicos e podem ser qualquer pessoa que quiserem. Podemos ver, por meio das brincadeiras, a criança imaginando e aplicando todos os recursos necessários para que isso se transforme no objeto desejado. Viana (2002) pontua que
lidar e relacionar-se com a criança, nos dias de hoje, alcança uma dimensão que vai além da guarda, proteção e assistência; aponta para um objetivo muito mais amplo, que é educar, respeitando sua individualidade e formas de aprender (VIANA, 2002, p. 96).

Winnicott (in put FORTUNA, 2005) afirma que o brincar é uma terapia com possibilidade autocurativa. É pelo lúdico que muitas vezes os alunos conseguem vencer suas dificuldades e aprendem com muito mais espontaneidade. Fortuna (2005, p. 3) relata que a maior dificuldade é a relação professor/brincar:
convencê-los da importância para a aprendizagem, no entanto, não é simples. Muitos educadores buscam sua identidade na oposição entre brincar e estudar: os educadores de crianças pequenas, recusando-se a admitir sua responsabilidade pedagógica, promovem o brincar; educadores das demais séries de ensino promovem o estudar.
A interação que a brincadeira promove entre as crianças possibilita a aquisição de valores como cooperação; respeito; responsabilidade e amizade, além de aceitação das diferenças e da diversidade, dando novo significado e prazer à sua prática, já que a real aprendizagem é facilitada quando se estimula o aluno a participar das discussões e reflexões que venham a aparecer.

Em seu livro Jogo: entre o riso e o choro, Freire (2005) diz que o desenvolvimento da autonomia decorre, entre outras coisas, da possibilidade de decidir, entre várias opções em cada situação, por aquela que for julgada pelo sujeito como a mais adequada. Uma das formas mais fáceis e didáticas de favorecer essas trocas de conhecimento é pelas brincadeiras.

A contribuição do psicanalista Winnicott (apud BOGOMOLETZ) aponta que o brincar espontâneo é fundamental para a criatividade. A criança que aprende porque decorou o conteúdo irá facilmente esquecer o que memorizou. A criança que aprende de forma mais interativa e espontânea irá fazer conexões com outras experiências já vivenciadas, podendo consolidar o que aprendeu para toda a vida. Quando uma brincadeira é proposta para a criança, esta deverá agir sobre aquela situação apresentada, podendo ser em grupo ou individual.

Não há passividade no brincar, todos são convidados a pensar, dialogar, se mexer, rir, interagir ou se concentrar. E esse movimento de agir e reagir é enriquecedor para o desenvolvimento global do indivíduo. Dessa forma, ela alcança as formas superiores mentais, ao mesmo tempo que se torna participante efetiva do seu meio sociocultural, permitindo entrar em um universo que torna possíveis outras formas de aprendizagem; elas passam por exercícios, que são atividades inventadas (reações), deslocadas em relação às coisas do mundo de atividades reais (ações), ao mesmo tempo que brincam.

Para que a construção do conhecimento ocorra de modo significativo e contextualizado, é importante que as atividades estejam de acordo com o nível de desenvolvimento do aluno, respeitando suas fases de transição, favorecendo a construção do conhecimento.

O brincar não é naturalmente progressista; contém tanto a possibilidade da tradição quanto da inovação. É possível brincar de qualquer coisa, inclusive e especialmente com aquilo que faz parte do cotidiano. Por essa razão, é importante considerar ainda a mediação e o contexto em que a atividade lúdica acontece.

Kishimoto (2010) também realiza uma análise sobre o jogo infantil; enfatiza, entre outros aspectos, que o jogo educativo é um recurso indispensável para se utilizar na Educação Infantil. No entanto, ressalta que o professor deve levar em consideração que o jogo educativo apresenta duas características próprias: a função lúdica e a função educativa. Sendo assim, constitui-se em uma mistura de jogo e de ensino. Compreendemos que, durante a realização das brincadeiras e dos jogos, a interação e a mediação são primordiais. A brincadeira fornece organização para a iniciação de relações emocionais e, assim, propicia o desenvolvimento de contatos sociais.

Com base nos dizeres de Kishimoto (2010), quando utilizados de maneira inadequada, sem que haja objetivo em questão, os jogos educativos acabam por perder seu valor lúdico ou educativo, minimizando sua função didática. Ela defende ainda que, visando facilitar o processo de ensino-aprendizagem, o professor brinque e participe das brincadeiras, “demonstrando não só o prazer de fazê-lo, mas estimulando as crianças para tais ações”. Neste sentido, o jogo beneficia o aprendizado por meio do acerto e erro, instiga a exploração pelos objetos e auxilia na resolução de situações-problema, além de ser um importante recurso que possibilita a compreensão das relações sociais. A mesma autora cita: O jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral (KISHIMOTO, 2008, p. 95).

Freinet (1998) denomina “práticas lúdicas fundamentais” como o não exercício específico de alguma atividade. Ele acredita que qualquer atividade pode ser corrompida nas suas essências, dependendo do uso que se faz delas. Portanto, na atividade lúdica o que importa não é apenas o produto da atividade, ou seja, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido.
Acreditamos que o brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, emocional, intelectual e social, pois pelas atividades lúdicas a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento. Uma coisa é certa: negar a cultura infantil é, no mínimo, mais uma das cegueiras do sistema escolar (FREIRE, 1997).

O brinquedo no desenvolvimento da aprendizagem


Vygotsky (1984) afirma que a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança é enorme. Ele defende que
é no brincar que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos (VYGOTSKY, 1984, p. 110).
Vygotsky (2007) diz que “brincar é satisfazer necessidades, com a realização de desejos que não poderiam ser imediatamente satisfeitos. O brinquedo seria um mundo ilusório, em que o desejo pode ser realizado” (apud NAVARRO, 2009, p. 2.125).

Nesse contexto, é muito interessante observar diferentes crianças brincando; podemos perceber que a forma como organizam brinquedos e brincadeiras e o uso que fazem delas revelam seu contexto de vida e mostram seu cotidiano de forma implícita. Precisamos ler as entrelinhas, pois estas expressam sua visão de mundo, sua subjetividade. A infância é também a idade do possível (KISHIMOTO, 2010). Pode-se projetar sobre ela a esperança de mudança, de transformação e renovação moral.

A infância expressa no brinquedo o mundo real, com seus valores, modos de pensar, de agir e o imaginário, que no caso da criança varia conforme a idade. A idade pré-escolar de três anos está carregada de animismo (percepção, dar vida a alguma coisa); as de 5 a 6 anos integram predominantemente elementos da realidade.

Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições; cabe ao professor a consciência de que nas brincadeiras as crianças criam, recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento. Sob o ponto de vista do psicanalista Winnicott, o indivíduo age a partir do esquema de estímulo, essa atividade é que faz a diferença entre agir e reagir.

Por meio da brincadeira, o aluno aprende e, consequentemente, desempenha papel ativo na construção de seu conhecimento, desenvolvendo raciocínio, autonomia, senso crítico além de interagir com seus colegas e o meio.
É fundamental que a brincadeira faça parte da cultura escolar, permitindo um aprofundamento na compreensão de um conceito, na contextualização de resolução de problemas em sua estruturação, na observação e construção de regras, na organização de um trabalho em grupo, no planejamento, execução e avaliação das ações, na estruturação das ideias.

As crianças devem brincar não apenas na escola, mas também na família. É importante que os pais ou responsáveis dediquem um tempo diário para brincar com as suas crianças. Pela brincadeira, os filhos aprendem a superar medos e situações difíceis ao lado de uma pessoa amada; isso deixa a criança mais segura.

Brincando se aprende


Winnicott (1975), afirma que
é no brincar, e somente no brincar que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (WINNICOTT, 1975, p. 80).
A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados. Mas, não basta só brincar por brincar.

Rabioglio (1995) defende a brincadeira como um recurso do processo de ensino-aprendizagem e menciona que “não basta brincar, é preciso haver um projeto pedagógico que considere a introdução da brincadeira na classe até sua realização, análise e avaliação”. A tarefa de ensinar nos coloca à frente de uma grande responsabilidade: a de formar cidadãos para o mundo. Se pretendermos um mundo melhor, em que os seres humanos sejam mais afetivos, éticos e responsáveis, devemos praticar uma educação que forme alunos capazes de agir, refletir e reagir sobre o real social e afetivo em que está contextualizado. A escola é que deve se adaptar ao aluno e respeitar suas características e sua cultura; isso gera grande desafio ao corpo escolar.
Faz-se necessário um processo educacional que possibilite a ruptura de antigas estruturas, dando liberdade ao aluno de brincar e criar, enfatizando a educação como prática humana e social que leva à produção de saberes técnicos, sim, mas totalmente integrados ao desenvolvimento intelectual, social e afetivo da criança, envolvida por inteiro, corpo e mente. 

Experimentando e percebendo a importância de suas percepções e conclusões quanto ao mundo que a cerca, a criança constrói seus conhecimentos a partir das experiências vividas, proporcionando-lhe a possibilidade de experimentar coisas novas.

A criança é um ser especial que está em pleno desenvolvimento e que necessita de um olhar cuidadoso do educador. Os pequenos já trazem consigo uma bagagem natural de espontaneidade e criatividade que deve ser incentivada pelo educador.

É notória a crise pela qual a educação vem passando nos dias atuais: professores descontentes, alunos desmotivados, pais preocupados. No entanto, acredita-se que para uma possível melhora deste quadro se faz necessário, além da formação contínua dos professores, a introdução da ludicidade como subsídio no processo de construção do conhecimento cognitivo, físico, social e psicomotor, desenvolvendo nos educandos o prazer ao construir o próprio aprendizado de forma mais atraente e estimuladora.

Defender o brincar na escola não significa negligenciar a responsabilidade sobre o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento. As crianças são predispostas às atividades lúdicas, e não há por que contrariá-las. Os jogos e as brincadeiras deveriam fazer parte da realidade cotidiana na vida de crianças, pois permitem o contato com o outro e com tudo que está ao seu redor, acrescentando um ingrediente especial na vida de todos, tanto como um caminho para a busca de conhecimento como para torná-la mais prazerosa.

A educação tem por objetivo principal formar cidadãos críticos e criativos, aptos para inventar e ser capazes de construir cada vez mais novos conhecimentos. O processo de ensino-aprendizagem está constantemente aprimorando seus métodos de ensino para a melhoria da educação. O lúdico é um desses métodos que está sendo trabalhado na prática pedagógica, contribuindo para o aprendizado do aluno, possibilitando ao educador o preparo de aulas dinâmicas, fazendo com que o aluno interaja mais em sala de aula e se torne um sujeito ativo no aprendizado, pois cresce a vontade de aprender, seu interesse no conteúdo aumenta e, dessa maneira, ele realmente aprende o que foi proposto a ser ensinado, estimulando-o a ser pensador, questionador – e não um repetidor de informações.




Mensagem final


Dai-me, Senhor, o dom de ensinar, dai-me essa graça que vem do amor.
Mas, antes do ensinar, Senhor, dai-me o dom de aprender.
Aprender a ensinar, aprender o amor de ensinar.
Que o meu ensinar seja simples, humano e alegre, como o amor.
De aprender sempre. Que eu persevere mais no aprender do que no ensinar.
Que minha sabedoria ilumine e não apenas brilhe.
Que o meu saber não domine ninguém, mas leve à verdade.
Que meus conhecimentos não produzam orgulho,
Mas cresçam e se abasteçam da humildade.
Que minhas palavras não firam nem sejam dissimuladas,
Mas animem as faces de quem procura a luz.
Que a minha voz nunca assuste,
Mas seja a pregação da esperança.
Que eu aprenda que quem não me entende
Precisa ainda mais de mim,
E que nunca lhe destine a presunção de ser melhor.
Dai-me, Senhor, também a sabedoria do desaprender,
Para que eu possa trazer o novo, a esperança,
E não ser um perpetuador das desilusões.
Dai-me, Senhor, a sabedoria do aprender.
Deixai-me ensinar para distribuir a sabedoria do amor.

Antonio Pedro Schlindwein



REFERÊNCIAS

BOGOMOLETZ, Davy Litman. Entrevista. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevistas.asp?entrlD=38.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, volumes1 e 2.
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. 4ª ed. São Paulo: Cortez. 2001.
BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artmed, 1998.
CABANAS, Ana. Manual técnico para elaboração da monografia. Caraguatatuba: Instituto de Integração em Educação Continuada, 2009.
DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schimitt. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educador. Revista de divulgação técnico-científica, vol. 1 nº 4 – jan/mar 2004. Disponível em:http://www.icpg.com.br/artigos/rev04-16.pdf
FRANCO, S. G. A criatividade na clínica psicanalítica. Pulsional – Revista de Psicanálise, ano XVII, nº 178, junho de 2004. Disponível em http://pulsional.com.br/rev/178/4.pdf.
FREINET, Célestin. A educação do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física.4ª ed. São Paulo: Scipione, 1997.
FREIRE, João Batista. O jogo: entre o riso e o choro. 2ª ed. Campinas: Autores Associados, 2005.
FORTUNA, Tânia Ramos. sala de aula é lugar de brincar? In: XAVIER, M. L. M.; DALLAZEN, M. I. H. (Org.) Planejamento em destaque: análises menos convencionais.Porto Alegre: Mediação, 2000, p. 147-164. (Cadernos de Educação Básica, 6). Disponível em: http://brincarbrincando.pbworks.com/f/texto_sala_de_aula.pdf.
KAMII, Constance; DEVRIES, Rheta. Piaget para a educação pré-escolar. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas. 1992.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil. Artigo acadêmico, 2010.
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VIANA, Jacilene Mesquita. A práxis na formação de educadores infantis: educação e cidadania começam na infância. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
ZANLUCHI, Fernando Barroco. O brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e educação. Londrina: O Autor, 2005.



Homo Ludenso jogo como elemento da cultura é um livro escrito por Johan Huizinga. Tomando o jogo como um fenômeno cultural, o livro se estrutura sob uma extensa perspectiva histórica, recorrendo inclusive a estudos etimológico e etnográfico de sociedades distantes temporal e culturalmente. Reconhece o jogo como algo inato ao homem e mesmo aos animais, considerando-o uma categoria absolutamente primária da vida, logo anterior a cultura, tendo este evoluído no jogo. Fonte: Wikipédia.





Coordenação e Organização: Solange Barros


Texto extraído do blog ArteEducaçãoEmMovimento.blgspot.com

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Crianças fizeram arte no CMEI Calabar

 


"No grupo 1, alguns alunos choram, ficam inibidos e com a metodologia que vocês trouxeram, percebi que eles estavam mais extrovertidos, saltitantes". A fala da professora Lindimar, de Educação Infantil do CMEI Calabar, traduz um pouco da satisfação e dos resultados que o trabalho em arte educação desenvolvido naquela unidade fez com o clima da escola. Na última quarta-feira (2), os professores do CEART voltaram à unidade para concluir um processo que durou de quatro anos. Os pequenos, de 1 a 3 anos, se juntaram no pátio para mostrar o que prepararam em sala de aula, sob a orientação dos professores de arte e emocionaram a plateia.

A ação foi aproveitada para marcar as atividades do mês das crianças, comemorado agora em outubro. Os pequenos puderam trabalhar temas como união, relacionamento interpessoal, a necessidade uns dos outros para viver, que cada um pode escrever sua própria história, entre outras questões. A aceitação das atividades propostas pelo CEART foi efetiva e toda escola abraçou a ideia da arte educação como grande aliada no processo de educação, e nesse caso em especial, a educação Infantil.

O Ceart preparou um album de fotos em sua página no face: Ceart Mário Gusmão. Visite, curta, compartilhe!!!